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Raymundo Fantini



Quem foi?

Raymundo Nonato Fantini nasceu em Belo Horizonte (MG), no dia 27 de janeiro de 1907, e era filho de Armando Fantini e Maria Theodora de Siqueira. Faleceu no dia 18 de fevereiro de 1971, em Sabará (MG), onde era residente. Foi sepultado no cemitério municipal de Sabará, no jazigo da família Fantini (Quadra 2, Campa 388/057). Era operário e músico. Deixou 9 filhos.


O que fez?

Jornal "O Pioneiro"
Segunda Quinzena de Julho de 1956
Ano II - Nº 39 - Pág. 2

VELHA GUARDA

RAYMUNDO NONATO FANTINI

Antigo saxofonista, hoje tem a "família do saxofone".
Há 28 anos trabalha na mecânica da Usina Siderúrgica - Ajudou na construção do laminadouro de trilhos de Monlevade - Amante de boas leituras

Raymundo Nonato Fantini é membro de uma família numerosa e distinta na história da Usina Siderúrgica. Seu pai, Armando Fantini, trabalhou 35 anos na usina e morreu há pouco, em plena função, deixando em todos os colegas de trabalho e na sociedade sabarense uma saudade imorredoura.

Raymundo Nonato é filho mais velho do saudoso Armando Fantini e, como o pai, é um metalúrgico de valor. Oficial de mecânico, ingressou na usina em 1928, trabalhando na ajustagem, na ferraria, e desde há alguns anos, na contornadeira.

Temperamento reflexivo, de viva acuidade intelectual, Raymundo Nonato Fantini destaca-se pela seriedade de suas cogitações e por seu modo meditado de trabalhar e de trabalhar os problemas de sua profissão.

TEM A "FAMÍLIA DO SAXOFONE"

Menino ainda, antes de 1928, Raymundo Nonato já trabalhara na usina, ajudando seu pai. E conta, com orgulho, que voltou a ingressar nos quadros da Companhia, a chamada de seus superiores. Viera trabalhar na seção mecânica e, ao mesmo tempo, atuar no Jazz de Siderúrgica, como bom saxofonista que sempre fora.

Foi, realmente, um dos fundadores do Jazz do Clube Cravo Vermelho e só há algum tempo deixou seu instrumento predileto, explicando com bom humor:

- Antigamente, era saxofonista razoável. Hoje, tenho a família do saxofone, pois lá em casa estão meus sete filhos para educar.

A família, de fato, é a grande paixão de Raymundo Nonato. Fala com entusiasmo nos filhos. O mais velho está concluindo o curso primário. Quer educar a todos e ficaria imensamente satisfeito se algum deles vier à carreira de metalúrgico.

AJUDOU NA CONSTRUÇÃO DO LAMINADOURO DE TRILHOS

A máquina de Raymundo Nonato faz chaveteiras e engrenagens. Recentemente, coube-lhe fazer o acoplamento "biby", que serve no laminadouro de Siderúrgica. Trata-se de uma peça de responsabilidade, que foi fabricada, com êxito, na própria usina, uma vez que não podia vir a tempo da Europa.

Entretanto, o grande orgulho da carreira profissional de Raymundo Nonato Fantini é de ter ajudado a fabricar o laminadouro de trilhos de Monlevade. Isto foi durante a última Grande Guerra. Como Raymundo Nonato, muitos outros oficiais e técnicos de Siderúrgica se empenharam naquele feito que deu à Belgo Mineira e a Minas a glória de ter fabricado os primeiros trilhos produzidos na América Latina.

OFICIAL DE TORNOS

Raymundo é homem de conversa atraente. Seguro em suas observações, consciente no que faz e fala, está sempre a par dos problemas que lhe são submetidos, dentro e fora da usina.

Para ele, o mecânico oficial de tornos é um especialista que carece de uma formação adequada. Precisa, além do adestramento prático, de conhecimentos de matemática para ler as plantas e executar os trabalhos que lhe serão afetos.

Oficial seguro de si mesmo, Raymundo Nonato tem ainda o orgulho de nunca ter sofrido acidente grave. Para isto, está sempre atento em seu trabalho e tem prudência como guia. Na máquina, o melhor preventivo contra os acidentes é o uso de óculos. Estes, embora incômodos, pelo menos no início, devem ser utilizados permanentemente, pois constituem a garantia da incolumidade do oficial.

AMANTE DAS BOAS LEITURAS

Com seu modo pausado de falar, Raymundo Nonato Fantini conversou longamente com a reportagem. É um homem sem vícios. Não bebe, nem fuma. Seus lazeres, depois de largado o saxofone, são quase totalmente consumidos nas boas leituras. É um amante dos livros. Seus autores prediletos são Victor Hugo e Humberto de Campos, cujas obras completas conhece totalmente. Chega a gostar mesmo mais dos livros do que cinema ou dos esportes. Mas tem ainda outro divertimento: a bicicleta. Não larga dela. É seu meio de transporte com o qual vai e volta da usina, faz suas compras, passeia.


Outros dados sobre Raymundo Fantini

Foi professor de música. Tocava clarinete e saxofones alto e tenor.

Fez parte no conjunto musical que se apresentava em Sabará, no Clube Crisantemo, atual Casa do Caminho, tocando saxofone tenor.

Foi membro da diretoria da Caixa Beneficente dos Trabalhadores Metalúrgicos de Sabará, entidade criada em 1942 pelo presidente sindical Joaquim Siqueira, seu tio materno, com o objetivo de atender às necessidades dos funcionários da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, principalmente no tocante à saúde.

Foi membro do conselho fiscal da Federação dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgica, Mecânica e de Material Elétrico do Estado de Minas Gerais, sediada em Belo Horizonte.

Foi freqüentador da Casa do Caminho, agremiação espírita kardecista de Sabará, fundada em 03/10/1940. Participou ativamente nas Campanhas do Quilo da Casa do Caminho.

Foi legionário da Legião da Boa Vontade (LBV), em Sabará.

Por ter sido operário exemplar, teve seu nome homenageado com a denominação "Operário Raymundo Fantini", dada ao distrito industrial do bairro Arraial Velho, em Sabará.


Homenagem “Centenário de Nascimento”

Com o objetivo de reverenciar a vida e a memória de Raymundo Fantini, foram colhidos depoimentos de amigos, parentes, companheiros e remanescentes seus.

No dia 27 de janeiro de 2007, quando Raymundo faria um século de vida, lhe foram tributadas várias homenagens. Confira abaixo os depoimentos cedidos.

*     *     *

Raymundo Nonato Fantini, nascido em Belo Horizonte, radicado em Sabará, entre outras, foi um bom saxofonista, bicicleteiro arteiro e audaz, charadista incorrigível, espírita kardecista por religião e vocação, trabalhador da Belgo Mineira por 44 anos de sua existência, tendo por lá começado aos 11 anos de idade.

A memória é um caleidoscópio instigante, fascinante, registros indeléveis a nos espreitar, poeiras rasteiras, nuvens ciclópicas, tudo nos concitando sempre a, de frente, olhar, atentos e reflexivos, o claro espelho espesso, opaco, brilhante e fúlgido da história.

Mário José Gonçalves Fantini

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Admiro meu pai porque ele faz parte de mim, do meu dia-a-dia, desde antes do meu nascimento. Seu pai Armando faleceu, e lá em casa não tinha nenhum neto com esse nome. Fui projetada para ser Armando. Mas Deus me fez mulher; então, meu pai me chamou de Armanda. Contaram-me que todo mundo achou feio. Meu pai definiu que seria Armandina, nome este que carrego com muito orgulho. Quando perdemos nossa mãe, fui morar com tia Ruth. Pai sempre ia me visitar. Chegava dizendo: “Tô chegando, tô saindo.” Mas ficava e aproveitava para consertar tudo que estava estragado. Contava causos, estórias e Histórias e cochilava... Ele me punha no colo e balançava a perna de uma forma ritmada e rápida. Outras vezes balançava a gente entre as pernas e jogava para o alto. Tenho até hoje a máquina de costurar roupas de bonecas, presente dele quando fiz 5 anos. Ele obrigava os filhos a enfrentar desafios. Eu tinha horror de passar no Pontilhão, mas ele me obrigava a passar e não me dava a mão. Era o fotógrafo da família, e me recordo dos nossos passeios, na beira do rio, tirando fotos. A sua oficina era dentro da nossa casa e um exemplo vivo de trabalho. Meu pai ou estava na Belgo Mineira ou na Oficina ou tocando Sax. Ele não ficava à-toa. Tenho muitas saudades dessa época. A gente passava falta de algumas coisas, pois a família era grande e a demanda maior que a oferta. Mas sobravam discos, livros, exemplos e quinquilharias. Nossa casa era diferente, mas todos gostavam dela. Não tinha talheres bons, mas era aconchegante e principalmente havia liberdade e ousadia. Sempre que ele me chamava, ia a pé com ele para a Casa do Caminho. Enquanto caminhávamos, ele ia contanto casos e ensinando as verdades da vida. Uma vez comentou assim: “Não conta para ninguém, mas olhe para trás e veja a moça me olhando da janela daquela casa. Ela quer casar comigo.” Eu incentivava para ele casar, mas alguns irmãos não concordavam. Acho que foi para evitar confusões que ele não casou. Sempre achei meu pai bonito. Gostava de andar bem arrumado. Saía à noite perfumado. Tinha ternos para ir às festas que ele adorava. Um armário trancado que só ele mexia. Quando tinha festa, um dos filhos comentava com ele que não tinha roupa e ele cantava a música do Noel Rosa “Com que roupa que eu vou...” No casamento de Martha, eu tinha roupa, mas ele não me deixou ir. Creio eu não concordava com o casamento por procuração. Lembro perfeitamente de jovens, colegas de meus irmãos, conversando com ele sobre música, política, questões atuais. Meu pai tinha opiniões além do tempo, principalmente nas questões da Medicina. Ele lia tudo. Era culto, irreverente, lia e interpretava. Era um autêntico formador de opiniões. Eu nunca matava as charadas que ele me perguntava, mas ele sempre solucionava as minhas dúvidas da escola. Ele pegava o livro “O Homem que calculava” e ficava desafiando a gente com os cálculos do livro. Quando a gente ia a Belo Horizonte, sempre de trem, íamos a pé para a casa de tia Maria, e ele aproveitava a caminhada para nos ensinar algo com sua conversa. Quando sentia cheiro de comida boa, dizia: “Ah, um angu!” Ele adorava as tias Augusta e Judith. Era na casa delas que ele tomava o mingau pela manhã. A gente ia junto porque na casa das tias tinha sempre quitanda e leite. Pai levava um livro ou até um dicionário e ficava lendo o significado das palavras que ele não conhecia. Era extremamente espirituoso em tudo que fazia e tocava. São vivas em minha memória a Buzina construída para acordar as pessoas, uma engenhoca que se adaptava ao botão do relógio de corda e disparava, o fio que desligava a luz da casa toda, a TV sem o botão de trocar o canal. Ele era genial! Pulava do trem, nadava tão bem que chegou a salvar uma pessoa debaixo do Pontilhão. Fazia malabarismos na bicicleta, carregava marmita na cabeça, mas o seu malabarismo maior foi ter construído a nossa família com tanta dificuldade e é por tudo dito e muito mais que reverencio meu pai e o agradeço por ele representar tudo o que foi e ainda será em minha vida.

Armandina Fantini de Freitas

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Meu querido e inesquecível pai, onde será que você está? Será que já reencarnaste? Mesmo que o tenha, sinto tão forte a tua presença nas lembranças dos momentos de nossa convivência. Que pena! Partiste muito cedo! Sabia? Até hoje não me conformo com a enfermidade que acabou te levando. Uma pessoa que não tinha vícios, que cuidava da saúde, que lia muito a respeito, e ser acometido de um câncer... Não dá para entender. Imagino também o quanto sofreste calado, quando havia as confusões, os atritos entre os meninos. Só hoje podemos saber quanto é difícil educar os filhos. Mas sabe, pai, aquele namorado, a quem o senhor tanto me ensinou a perdoar, quando ele me dava “bolo”, dizendo-me que ele era um bom rapaz, trabalhador? Estamos juntos faz 35 anos. Tenho filhos e sou avó de neto adorável. Mas vamos falar da nossa convivência. São tantas passagens. Que saudade! Lembro-me do dia em que Olda nasceu. E o senhor, para distrair a filharada, chegou com uma bicicleta. Que alegria! O meu primeiro dia de aula, o senhor fez questão de tirar uma foto. E a nossa viagem de trem ao Rio de Janeiro para o casamento de Erli. Caminhamos toda a Praia de Copacabana. Fomos a Niterói, de barco. Eu devia ter uns treze anos. E as festas da Velha Guarda no Cassino, no Capão. E o corre-corre com as enchentes na Praia do Piolho? E os segredos que me confiava. Chegava com uma novidade e me chamava no quarto. Fechava a porta e depois me pedia segredo. Como eras espontâneo! Não me esqueço daquele dia, no cine Bandeirantes. Estava lotado. O senhor pediu duas cadeiras, na casa do senhor Raimundo Arcanjo, e assim nos acomodamos. Eu fiquei com vergonha. E quando íamos a Belo Horizonte, o senhor ia buscar pão, aquele de um quilo, na última hora. Eu ficava apertada, pois o ônibus já estava saindo quando chegava. Ah, nas compras do Horto, sempre pedia um brinde, mas escolhia antes o que queria e sempre ganhava uma lata de doce. Eu vinha de Raposos e tinha o passe Sabará - Raposos. Você comprava sua passagem somente até General. Quando o chefe vinha, você só falava “passe”, e eu morria de medo de uma advertência. Quando ia trabalhar em Raposos, sempre que perdia o lotação, você parava o primeiro caminhão e pedia carona. “Leva minha filha até à ponte grande”. Eu nem tinha tempo de questionar e ia. Lembro do aperto que passamos, quando ia receber o primeiro pagamento em Nova Lima, e o senhor foi comigo. Quando chegamos lá, não teve o pagamento de dois contratados. Eu era um. Quase não tínhamos o dinheiro para voltar. Não deu nem para o lanche. Até hoje sinto mal, quando me lembro do dia em que enchemos um pastel de pimenta, e não marcamos qual era. O objetivo era pegar quem comia pastel escondido. Pois o senhor comeu. Justo o senhor. A sua compreensão era tanta que não nos xingou. Mas quando vi as lágrimas nos seus olhos, foi como uma chibatada. É tão bom lembrar e é como se estivesse ouvindo tocar o saxofone, a clarineta, fechado em seu quarto. Pena! Nenhum de nós, filhos, veio com esse dom. Bem que você tentou me ensinar a cantar! Escolheu a música “Quem Sabe”, e eu não consegui... Desistimos logo! Entre tantas gambiarras que inventavas, a do “pinguelo”, um dispositivo que ficava em seu quarto para desligar, quando o nosso barulho te perturbava, foi demais! Só Ruben para contá-las melhor! E as fôrmas de tareco fundidas no quintal! Que delícia de biscoito! Sempre trazendo textos variados para a gente ler e, numa cobrança imediata da interpretação, foi nos incentivando a estudar. Hoje comemoramos o seu centenário, orgulhando-nos de tê-lo como pai, agradecidos pela formação que alcançamos através de seu exemplo. Seu amor pela leitura, por uma boa música, seu espírito pesquisador, na busca do conhecimento, sua compreensão e calma, na resolução dos problemas, foram exemplos que nortearam a minha vida. Obrigada por tudo!

Evani Gonçalves Fantini

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O tio Raymundo Fantini, ou simplesmente, o nosso querido e saudoso “ti Remundo”, como nós, os sobrinhos-tortos (meio caipiras), o chamávamos, era acima de tudo um homem bom. Bom no sentido mais abrangente e elevado do termo, isto é, honesto e leal, trabalhador, espiritualizado, muito dedicado aos pais, irmãos, esposa e filhos, e como conseqüência, aos amigos, vizinhos e a todos quantos dele se aproximassem. De índole calma e grande paciência, nunca o vi levantar a voz, dar uma “bronca” enérgica em nenhum de seus filhos. Quando as crianças aprontavam, ele procurava resolver tudo acalmando os ânimos, “jogando água na fervura”. Depois chamava aquele mais desobediente e arteiro para uma conversa a sós e aconselhava e sempre arrematava o diálogo com uma estória parecida (verdadeira ou inventada). Gostava de contar fábulas como as de Esopo, por exemplo. E, ao final, nos perguntava: “Agora eu quero que você me explique a moral da estória!”. Era amigo das artes, principalmente, música e literatura. Exímio saxofonista, animava os bailes do Cravo Vermelho e fazia exibições no teatro de Sabará. Lia muito, e como espírita kardecista convicto, lia muitos livros espíritas como os de Chico Xavier, Coelho Neto, Waldo Vieira, romances espíritas e mensagens psicografadas por Chico Xavier, de André Luiz, Meimei e outros. O evangelho, segundo o espiritismo, era um livro que trazia sempre consigo, de onde tirava pensamentos que transmitia a nós, crianças e adolescentes. Outros livros de que me recordo que nos foram emprestados por ele: O homem que calculava, de Malbatahan, e As plantas curam, do qual ele gostava muito. Também era bem humorado, gostava de contar piadas, resolver e passar charadas, fazer palavras cruzadas. Quanto às charadas, sempre que ia à nossa casa, ficávamos passando charadas uns para os outros, e ele sempre deixava uma mais difícil para o final da noite, e quando a gente não conseguia “matar”, ele ia saindo e o seu boa-noite se resumia em: “Dorme com essa! Fui acostumada a tomar-lhe a benção e ele, quando abençoava a sério, dizia: “Bençoe!” Mas, às vezes, brincava e, apertando meu nariz, dizia: “Deus te abençoe, seu nariz de boi”. Começou a trabalhar muito cedo na Belgo Mineira, não chegou a freqüentar uma escola para fazer o curso primário. Sua professora era Dona Elce, esposa de Sô Isaac. Não sei se ele chegou a fazer algum curso de tornearia mecânica ou se aprendeu na prática, mas me parece que ele foi um autodidata. Era muito habilidoso, consertava geladeiras, ferros elétricos, liquidificadores e suas “gambiarras” sempre funcionavam. Desde quando morava na Praia do Piolho, tinha uma pequena oficina montada precariamente e com poucos recursos, ao lado da casa, onde passava grande parte de seu tempo livre, chamada Barracão. Quando mudou para a Praça Getúlio Vargas, conseguiu montar uma oficina de verdade, onde foram colocados tornos e outras máquinas. Lá podia fazer trabalhos maiores e mais elaborados. Era também um ciclista de grande habilidade e não temia fazer verdadeiras estripulias encima de uma bicicleta. Uma das mais simples e de que me lembro tê-lo visto aprontar foi a seguinte: A rua que passa em frente ao SENAI não era uma descida suave como hoje. Era uma descida bastante forte, que acabava de repente ao chegar à praça. Ele vinha da Siderúrgica com sua bicicleta de guidom torto, como a dos ciclistas profissionais (só que ele mesmo entortou um cano, fez o guidom e soldou). Desceu a rua velozmente e, chegando ao meio da praça, deu um pinote para trás e puxou a bicicleta para o alto e ficou em pé segurando-a. Contam também que ele costumava voltar da Companhia com um amigo, ambos de bicicleta, encima dos trilhos, de mãos dadas. Quando chegavam perto do Zé Remundo, tio Raymundo descia da linha para a ponte do Geo e o outro continuava no trilho até chegar em casa. Certa vez, ele fez pior arte: Arrumou um monociclo, desses que os palhaços se exibem nos circos, e atravessou a ponte do Geo nele, só que atravessou encima da murada da ponte. Apesar de ser tão inteligente, era também bastante distraído. Certa vez, precisou ir a Tavares. Vestiu-se, calçou os sapatos e foi embora. Efigênia, irmã de Vicentão, trabalhava em sua casa na época. Quando ela foi trocar de roupa à tarde e calçar os sapatos, começou a rir. Achou um pé de sapato de tio Raymundo junto ao seu. Ele tinha ido viajar com um pé de sapato da Efigênia. Tio Raymundo possuía também dotes de enfermeiro e fotógrafo. Media a temperatura, verificava a pressão arterial e aplicava injeções intramusculares e endovenosas nas pessoas. Quanto a tocar saxofone, só me lembro de tê-lo visto tocando uma vez. Fui à sua casa ao anoitecer, abri a porta da sala que sempre ficava apenas com o trinco. Ele estava encostado no portal da sala, do lado que se ia para o resto da casa, e eu me encostei no portal à sua frente. Fiquei ouvindo e observando-o. Sei que a música era muito bonita e que seus olhos estavam cheios de lágrimas. Quando acabou de tocar, perguntei-lhe por que estava chorando, e ele disfarçou e me respondeu apenas isto: “Nada não!” Preciso guardar o saxofone na caixa, senão ele estraga. E dirigiu-se para o interior da casa...

Íris Gonçalves Hohene

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Lembrar de Tio Raymundo é falar de adulto que mais me deu atenção na infância. Ao chegar à casa de vovó e escutar o som do instrumento, eu corria naquele corredor enorme para vê-lo tocar o saxofone, no quarto lá da frente. Houve uma época em que se propôs a me ensinar música. Penso que eu não tinha interesse nem atenção suficientes naquela idade e estava demorando a aprender. Aí chegou um parque de diversões na cidade. Eles marcaram o dia para irmos, mas eu deveria saber o solfejo de terças antes de sairmos. Eu fiquei entusiasmada, estudei, cantei direitinho, mas ele desistiu de continuar. Concluiu que eu gostava de me divertir no parque, mas não de estudar música. Quando peguei os livros de pai e rabisquei e rasguei, ele me disse para não fazer mais isso, senão, quando crescesse, como eu poderia estudar e me tornar uma médica ou professora. Quando aprendi a ler, me deu de presente um livro muito grosso, História do mundo para crianças, de Monteiro Lobato. Eu soletrava e tentava compreender aquelas palavras estranhas, como Ur, Nabucodonosor, Suméria, Eufrates, etc. De qualquer forma, aprendi a amar as aventuras dos netos de D. Benta e, mais que tudo, a um dia conseguir um pouco do pó de pirlimpimpim. Nos jantares de aniversário da casa de vovó, em que todos os homens discutiam política em voz alta, em volta da mesa, só ele não bebia e gostava de comer sobremesa (caçarola italiana e queijão, geralmente), como nós crianças e como as mulheres. Somente ele tinha a máquina fotográfica e fazia nossas fotos regularmente, enquanto crescíamos. Tenho só uma foto vestida de noiva e que foi feita por ele. Depois nos mudamos da casa dos fundos do quintal de vovó. Eu já tinha quase 8 anos de idade. Fomos morar em nossa casa própria, lá na Rua Brasil. Da calçada de casa, eu podia ver as acrobacias que ele fazia, ao descer a rua na volta do almoço. Descia com os braços abertos, depois segurava o guidom, levantava a roda dianteira e continuava a andar sobre a roda traseira até chegar lá perto da ponte do Geo. Foi então que me apresentou às charadas e à revista Seleções. Depois que acabava de ler, ele me emprestava cada número. Sempre que chegava a algum lugar, tinha uma estória, uma fábula ou caso para contar. Eu ficava lá absorta, esperando o desfecho do caso, quando era novo para mim. Ele era o eletricista da família, como mãe era a costureira. Sempre que o ferro elétrico estragava, ele era chamado para consertar. Então resolveu a me ensinar a fazer esse serviço também. Aí aprendi a verificar onde estava o defeito do ferro e a consertá-lo. A trocar a resistência ou a restaurar fios que soltaram ou que estavam fundidos. Era costume vir parentes e amigos da Ponte de Pedra e de Tavares para morar em nossa casa. Ajudavam meu pai ou minha mãe e podiam estudar alguma coisa na cidade. Alferina veio para aprender corte e costura. Eles se conheceram e se casaram. Minhas impressões mais fortes da infância ficam por aqui. Ao rever estas memórias, consigo perceber como nós, sobrinhos, fomos amados por ele. O quanto ele se ocupou em nos proporcionar condições para que tivéssemos interesses diversificados na vida, principalmente comigo, a que era mais velha e que morava mais próximo. Constato, após tanto tempo, quanto cuidado, afeto e nutrição recebi dele na infância e adolescência. Fico consternada e extremamente grata ao Universo por ter colocado pessoa tão especial quanto Raymundo Fantini em minha vida.

Eni de Oliveira Fantini

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Tio Raymundo era muito otimista, alegre, dava muito conselho, contava um caso, uma estória para dizer alguma coisa. Foi ele quem me introduziu no Kardecismo. Ia ao Centro Espírita Oriente e trazia os ensinamentos. Combinamos que quem fosse primeiro voltava para contar como era. Tio Raymundo conversava muito, contava muito caso de família, passava muita esperança, confiança. Ele me deu um ferro de biscoito (tareco). Fez para cada uma das minhas irmãs. Eu tinha muita confiança em tio Raymundo. Ele contava muito caso dele criança. Gostava muito de tirar retrato, gostava de assentar na cadeira de balanço e ali cochilava muito. Uma vez me passou um retrato. “As pessoas têm que ter muita confiança, ser muito corretas, pois a pessoa paga”, disse ele, com o retrato na mão. Era o retrato de um casal, no qual a outra esposa aparecia como uma sombra, deitada: Um cadáver. O marido havia matado a primeira esposa. Uma coisa importantíssima: Quando tinha vinte dias de vida, meu filho Cristiano teve bronquite. Teve que internar na Santa Casa. Foi para casa, mas o quarto só podia ter a cama. Tudo muito limpo. Eu que limpava. Tio Raymundo via o sacrifício. Ele tirou uma receita no Centro Oriente. Demorou 15 dias para fazer. Não copiou a receita. Tinha Pitanga. Não tinha álcool. Cristiano tomou de acordo com aquela receita e curou. Cristiano curou! Nunca mais teve bronquite. Odete, uma empregada, levou a receita para os filhos e para ela. Todos sararam. A receita foi elaborada com muito critério. Deu muito trabalho. O médico ficou bobo como Cristiano melhorou. Acho que ele ficou sem graça. Disse-lhe que um dia dava a receita. Foi impressionante como funcionou! “Tio, você tirou um trabalho imenso de minhas costas”, disse. Tio Raymundo era muito gozador. Tinha o sono muito pesado e tinha de acordar cedo para ir trabalhar. Gostava muito de ler. Era muito curioso. Quando interessava por um assunto, ele perguntava e... Uma vez, indo para Belo Horizonte, ele reclamou fraqueza nas pernas e que estava dormindo muito. Daí uns dias, o diagnóstico da doença. Quando o visitei no hospital Felício Rocho, conversamos muito. Na segunda vez, tinha muita gente. Mário reclamava que isso o perturbava. Depois não encontramos mais. Não tive coragem de visitá-lo em Sabará. Quando ele estava doente, notei que ele estava ciente da gravidade da doença. Ele chegou a comentar comigo que ele não estava bem. Uma vez, ele falou: “Você sabe que existe a indústria do Câncer?” Tudo o que considerava preventivo contra o câncer ele tomava. Eu achava que não. Ele estava muito tristonho. Ele sabia. Parou de conversar. Mas ele lia demais sobre saúde. Recortava artigos. Eu passava livros para ele. Passei, uma vez, um livro sobre DNA. Ele gostava de novidade. Admirava demais tia Maria. Tio Raymundo almoçava na casa de mamãe. Sempre muito informado, ia contando as coisas. Falava: “Fazer oração para o morto sim. Mas falar - Ah, se fulano estivesse aqui - não pode”. Quando convivi com ele, a vida era um descompasso. Hoje, eu podia assentar na varanda e conversar. E ele não está aqui. Tio Raymundo era muito inteligente, bolava as coisas, tentava, tentava, até conseguir dar certo.

Aida Fantini Magalhães

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Conheci Raymundo quando minha mãe faleceu. Eu tinha 7 anos, quando foi morar em Sabará. Eu e meus irmãos, Raimundo e José, fomos morar em Sabará, na casa do tio Armando. Depois, meu irmão Raimundo foi morar com tia Catarina em Formiga. O José foi morar com uma irmã de minha mãe. Continuei a morar com tio Armando até casar. Lembro que levava almoço para todos os que trabalhavam na Belgo: Raymundo, Mandu, Zeca e tio Armando. Raymundo não bebia álcool, só guaraná. Ensinava música. Tinha sax, clarinete. Depois, formou um conjunto. Tocavam Jazz, no Clube Cravo Vermelho. Raymundo era uma pessoa muito boa. Eu combinava muito com ele. Às vezes, íamos ao cinema. Raymundo teve uma namorada. Chamava-se Amélia Menezes. Cantava no coral da igreja. Depois arrumou outra namorada. Era muito bonita, mas tia Neném não simpatizava com ela. Ela ia à casa de tio Armando aprender música com Raymundo. Tia Neném era muito brava... Raymundo gostava de tudo muito bem feito. Roupa lavada. Ele começou a trabalhar aos 11 anos. Morávamos na casa da Praça Getúlio Vargas. Eu arrumei o casamento dele com Alferina. Foi assim: Alferina trabalhava com Maria, perto da ponte do Geo. Eu ia muito lá. Raymundo passava de bicicleta. Havia muita timidez. Raymundo batia campainha e eu falava: Alferina, Raymundo chegou. Vai lá! Aí, eles ficavam conversando. Eles começaram a namorar. Ele falava: “A vida começa aos 40 anos.” Os pais de Alferina não queriam o casamento. O casamento de Raymundo foi na igreja de Tavares (Confins – MG). Eu fui madrinha. Raymundo só andava a pé ou de bicicleta. Fazia piruetas, andava de costas e com as mãos soltas e depois de frente. Ele gostava de tirar retrato. O Natal era muito festejado na casa de tio Armando. O relacionamento com os irmãos era muito bom. Não se notava preferências.

Maria das Mercês Fantini de Oliveira

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Raymundo era muito bom para combinar com ele. Tinha muito respeito com as pessoas. O conheci, quando Alferina foi trabalhar na casa de Maria Fantini, e ele esteve aqui para pedir para namorá-la. Meu pai não deixou e exigiu que ela viesse embora. Ele não concordava com a religião espírita de Raymundo. Mas Alferina disse que casava assim mesmo. Papai foi se aconselhar com o padre e ele disse que os dois é que deviam resolver, mas sugeriu que Raymundo não a tirasse da religião católica e que os futuros filhos deveriam seguir a religião da mãe. Tudo isto foi respeitado, enquanto Alferina viveu. O namoro dos dois foi rápido – menos de um ano. Das irmãs, Alferina foi a primeira a se casar. Tinha dezenove anos. O casamento civil foi em casa mesmo e o religioso na igreja, aqui em Tavares. O vestido foi comprido, véu e coroa. Papai não ia fazer festa, mas teve um almoço com muita comida e doce. A família Fantini compareceu. Houve outra festa em Sabará, na casa dos pais do noivo. O casamento civil aconteceu na casa em que moramos hoje. Após o casamento, os noivos foram morar em Sabará com os pais de Raymundo. Ela nunca se queixou. Raymundo e Alferina vinham sempre aqui com os filhos. Ele não chamava atenção dos filhos, chamava a esposa para corrigi-los. Papai dizia a ele que ele mesmo deveria corrigir. Raymundo trazia muitas coisas para nós. Uma vez, levou feijão na cabeça. No enterro de Alferina, ele estava com a perna quebrada. Queria que eu, papai e mamãe mudássemos para Sabará para olhar os meninos. Eu já olhava os filhos de Isaura. Mesmo assim, ele queria que todos nós fôssemos morar em Sabará.

Florisbela Gonçalves

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A nossa amizade começou lá pelo ano de 1954, quando começamos a trabalhar juntos na oficina mecânica. Até então, trabalhávamos em seções diferentes. O nosso setor de trabalho era quase ligado, pois operávamos máquinas de usinagem de metais. Aí começa a minha convivência diária com ele. Era só alegria, pois Raymundo era muito bem-humorado, brincalhão e muito prestativo. Ele começava e terminava a jornada de trabalho sempre alegre e sorrindo, passando e decifrando charadas, contando piadas, sem descuidar da máquina em movimento. Tinha vasto conhecimento em cálculos técnicos e tinha prazer em passar essa experiência aos colegas que necessitavam. Lembro, certa vez, que na época natalina tive uma idéia: fazer uma árvore de Natal giratória. Recorri a ele, manifestando a minha dificuldade em iniciar a construção da árvore, pois só tinha a idéia, sem nada mais. Ele, com aquele sorriso no rosto, disse-me gargalhando: “O cérebro da árvore você já tem. Eu estou presenteando você com o motor. É um motorzinho de liquidificador de alta velocidade. Agora eu quero saber o que você andou fazendo nos bancos do SENAI. Todos os cálculos de transmissão, redução da velocidade, etc., são por sua conta.” Assim, a árvore foi feita. Girou e encantou naquele Natal. Esse foi o Raymundo Fantini que conheci. Trabalhava com prazer, sempre voltado para o futuro da família. Colega de trabalho exemplar, admirado por todos, inclusive pelos seus chefes. Pessoa dócil, educada, simples e afável. Amigo inesquecível. Eterna saudade, Raymundo!

Francisco Germano

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U ns minutos eu preciso, ó meu Deus
M editar sobre a grandeza do momento:

P resentear o grande amigo, incomparável,
R AYMUNDO NONATO FANTINI
E ste nome por nós tão respeitado.
S axofonista, bicicleteiro, charadista incorrigível,
E xtremoso pai, irmão sempre presente,
N ão somente à família consangüínea.
T rabalhou firme na fé pelos ideais maiores,
E spalhando sua alegria e sua paz.

P elas folhas do tempo, hoje aqui voltamos
A comemorar o seu centenário.
R ealmente, parece que ainda o vemos,
A se aproximar de todos, entre risos e abraços.

Ó amigo RAYMUNDO – que saudade de você!

A sua lida pelo bem ao semelhante,
M orando aqui ou lá, não esqueceremos.
I mprimiu sua fé no Evangelho de Jesus.
G oza em crescimento o bem que aqui deixou!
O s frutos – colha feliz – na sua estrada de luz!

Aos queridos da família Fantini, nosso abraço fraterno.
Saibam que foi um privilégio ter Raymundo ao nosso lado, como kardecista virtuoso e convicto Legionário da Boa Vontade.
Deixou-nos muitos exemplos que firmaram pontos de luz em nossa caminhada.
Um abraço carinhoso e um beijo no coração de todos.

Dos amigos

Isabel Moreira Januária Lourenço
e
Sílvio Lourenço

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Diz a canção, por sinal música e poema de altíssima sensibilidade, que “amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito.” Concordamos e apoiamos, mas entendemos e sentimos que amizade é algo ainda mais transcendente, como que fluido de extrema sutileza que envolve e impregna as almas que se deixam tocar por ele. Fazer amigos, conservá-los com doses generosas de amizade espontânea, manter-se vivo no coração das pessoas, mesmo fisicamente ausente, não é acontecimento comum. E, por isso, estamos aqui, falando em nome da Casa do Caminho, para celebrar esta data em que os familiares de nosso amigo Raymundo Fantini, justamente o homenageiam e relembram, quando completaria 100 anos, se aqui estivesse encarnado. Presença simples, fala mansa, jeito alegre, companheiro e irmão de Doutrina espírita, deixou saudade... Acredito que cada pessoa de bem, quando parte para a vida eterna, que é a vida do espírito, compartilha conosco, familiares e amigos, de seus bens. São corações tão desprendidos e leais que, não desejando nos deixar órfãos, preocupando-se tanto conosco, comunicam-nos de maneira natural sua herança carinhosa. Deixam dentro de nosso coração um fundo musical que nos acompanha sempre, uma melodia alegre e harmoniosa que alimenta os acordes de nossos sentimentos mais elevados, ao alcance de nosso olfato em perfume, que nos identifica com sua memória, e, principalmente, ao alcance de nossas mãos. Seu exemplo silencioso e ao mesmo tempo cheio de poder transformador. Nas casas espíritas, muitos são os que vão à procura de notícias dos entes queridos, já do outro lado da vida. Hoje, aqui, ao contrário, junto a amigos e familiares, queremos dizer: Amigo Raymundo Fantini: Obrigado, obrigado pelo legado que nos ofereceu e nunca se perderá em nosso coração. Obrigado pelos filhos, filhas, netos, que continuam nossos amigos. Obrigado por sua presença e pela sua amizade.

Sidália Xavier Silva

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Raymundo Fantini foi empregado da Belgo Mineira, da qual gostava muito. Sua profissão era fresador e era um dos melhores nessa profissão. Era o bom amigo, gostava de todos seus amigos. Músico, tocava no Jazz do Cravo Vermelho. Nós almoçávamos na portaria de baixo da Belgo Mineira. Depois do almoço, ele ficava fazendo charada e contando estória para nós. Era um bom conselheiro, um bicicleteiro. Foi um dos fundadores do bloco caricato de Sabará – o Samba furou. Tinha 4 irmãos e 2 irmãs, era casado e tinha 2 filhos e 3 filhas. Era natural de Belo Horizonte. Ia fazer hoje 1 século de anos (27-01-2007). Tocou no conjunto musical chamado Chova da Poeira. Conheci Raymundo em 1941, ano em que entrei para a Belgo Mineira.

José Salvador Pereira

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Conheci Raymundo por causa do meu marido Antônio Rodrigues, vulgo Nico, que trabalhava com Raymundo na Belgo Mineira, e por causa da amizade com a família. Fui vizinha, por dois anos, de Augusta e Judith, na Rua Marquês de Sapucaí. Raymundo era uma pessoa boa, não tinha inimizade. Eu fui algumas vezes com ele e os filhos ao centro espírita, na casa de Dona Zilda, mãe de Mireia. Encontrávamos sempre na Casa do Caminho, nas reuniões semanais. Raymundo, muitas vezes, fazia parte da mesa de mediúnica. O Ruben, desde criança, quando morava na casa de Augusta, chamava-me para pegar o leite. Eu olhei muito Augusta, filha de João de Siqueira. A amizade com os filhos de Raymundo se deu devido à amizade com Judith e Augusta.

Carmen Duarte

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Raymundo, quando vinha aqui, descia sempre no Horto e vinha pelo Floresta e também voltava. Não sei por que, vinha com uma pasta na cabeça. Trabalhava aqui com Dilson, aprendia serviço de esgoto, bombeiro e consertava as coisas. Ele vinha mais à minha casa do que à casa de Maria Fantini. Uma vez, matou um rato muito grande, teve medo e sumiu uns tempos. Ficava aqui a semana toda. Era muito alegre, conversava muito, vivia contando histórias e várias pessoas se uniam a ele para escutar. Quanto aos assuntos pessoais, era muito reservado. Chegou a ficar noivo por muito tempo com Eredina, já falecida. Um vez, foi a Tavares e por lá ficou uns dias. Começou namorar Alferina. Namorou e casou muito rápido.

Maria de Oliveira Fantini

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Sobre as lembranças que tenho de tio Raymundo pensei bastante e gostaria tanto de lembrar tudo. Mas o fato de eu ter saído do Brasil faz minha memória de muitas coisas ser bastante nublada. Quero dizer, Sabará e toda aquela época se confundem num panorama vasto e nada nítido. Especificamente me lembro dele chegando em nosso apartamento da Jequeri e contando as estórias que ele lia no Reader’s Digest. Ou ele fazendo um relatório minucioso dos acontecimentos em Sabará.

Martha Vieira Cinti

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Ao saudoso Raymundo Fantini.
Foi um grande colega de trabalho, inteligente, honesto. Gostava muito de ouvir os seus casos e suas estórias. Foi saxofonista da orquestra do Cravo Vermelho. Bem mais tarde, recebeu o convite de seu irmão Edgard e do maestro José Barbosa para integrar o Jazz do Farol, que ele aceitou de bom grado. Foi muito bom conhecê-lo. Um grande amigo.

Euro de São José

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Tio Raymundo foi uma pessoa muito querida e era uma pessoa muito inteligente e criativa. Lembro que, quando eu ia à sua casa, sempre havia uma novidade desenvolvida por ele para facilitar as tarefas do dia-a-dia.

Erli de Oliveira Fantini

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Guardo boas lembranças do tio Raymundo. De vez em quando, passava na sua casa. Sempre atencioso, contando casos, tocando sax, fazendo charadas.

Edson de Oliveira Fantini




   

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